Uma mulher de 86 anos descobriu que estava com um feto mumificado há mais de 50 anos dentro do útero. O caso, que é considerado raro, surpreendeu a equipe médica do Hospital Regional de Ponta Porã, cidade fronteiriça de Mato Grosso do Sul, na semana passada.
A idosa precisou ser submetida a uma cirurgia para a retirada da “massa abdominal”, foi levada para uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e morreu dias depois. A suspeita é que o feto papiráceo, quando ocorre espécie de calcificação do bebê morto, estivesse com a paciente há pelo menos 56 anos, quando ela teve o último parto.
Situações como essa podem acontecer em gestações de um ou mais fetos. Quando um deles morre, pode haver involução uterina, ou seja, o organismo rapidamente absorve os fluídos fetais, fazendo com que haja reabsorção parcial ou total daquela formação.
Para o Whitecast, podcast especializado em conteúdo médico, o ginecologista e obstetra formado pela Universidade Estadual de Londrina, João Marcelo Coluna, explicou que cerca de 50% das gestações gemelares chegam ao fim com apenas um dos bebês. Quando não há o desaparecimento por completo, pode haver formação do feto papiráceo.
A equipe do HR de Ponta Porã chegou a suspeitar que a paciente idosa estivesse com câncer, mas uma tomografia computadorizada em 3D revelou o feto calcificado. O diagnóstico foi fechado na quinta-feira passada, dia 14 de março.
O secretário de Saúde da cidade, Patrick Derzi, confirmou o caso raro registrado na unidade hospitalar. “Conversei com o médico hoje [18 de março]. Ela deu entrada no hospital por outro motivo, alguma infecção e dores abdominais. Antes disso, nunca teve queixa”.
Ele não soube dar detalhes como quando foi a cirurgia, quanto tempo levou e o que fez a paciente ir a óbito. O secretário, que também é médico, explicou que o responsável pela paciente teve autorização da família dela para publicar artigo científico sobre o feto papiráceo.
(Com informações do Campo Grande News).