Um aniversário se faz com histórias de alegria, hoje Sidrolândia completa mais um ano de existência e o Noticidade traz uma série com relatos e homenagens a nossa gente.
Uma moradora antiga da cidade, bastante conhecida, é a presidente do bairro Jandaia, Marlene Brito, 59 anos, ela reside em Sidrolândia desde os 17 anos de idade.
“Eu vim com a minha família do Paraguai, quando chegamos aqui não tinha rua e nem energia elétrica, era gerador e ele era desligado às 22 horas. As ruas eram trieiros, aqui onde eu moro [bairro Jandaia] é a antiga vila Sapé, era poucas casas, pouca gente que morava aqui, era muito matagal”. Marlene tem três filhos e todos nasceram na casa onde reside, sua mãe era a parteira.
Segundo ela, a situação era muito precária e tudo piorava quando chovia. “Quando chovia a gente não saia, se quisesse sair tinha que amarrar a sacolinha no pé”, falou sorrindo.
Hoje, os jovens e os novos moradores apenas veem os trilhos de trem, mas os moradores ‘raízes’ conheceram e mais: viajaram na Maria Fumaça. Marlene mesmo revelou que amava viajar de trem. “Eu viajava muito, eu ia bastante para o Paraguai buscar mercadoria para revender”, recordou. De acordo com ela, passagem era muito barata, toda semana ela pegava o trem e partia rumo ao país vizinho. “Eu ia mesmo, era baratinho, só que demorava mais, era um dia inteiro, mas eu gostava”, destacou.
Um dos irmãos de Marlene é o Olympio Assunção de Brites, 73 anos, mais conhecido como Chicão, ele foi professor de ensino geral da 1ª a 4ª série e só parou porque o Governo exigiu faculdade para dar aula. “Eu era professor, trabalhei doze anos, dava aula em uma escolinha no Barro Preto, hoje é a aldeia Buriti, depois exigiram ser formado e me afastei porque não podia mais, naquela época era mais difícil fazer uma faculdade”, justificou.
Chicão lembra dos avanços que a cidade teve. “A Prefeitura antigamente era em uma casa alugada perto do Banco Bradesco, com o tempo que construíram o prédio onde ela está hoje. A rodoviária era na esquina do hotel Acácia, bem em frente ao antigo cartório. Assentamento não existia, muita coisa evoluiu”, afirmou.
Com o tempo, a migração de pessoas fez com que a cidade crescesse e teve até cinema. “O cinema era em frente onde hoje é o espetinho do Bael, depois aconteceu uma tragédia e parou de funcionar. O lazer que tinha era jogar bola, chegava o fim de semana os campinhos eram cheios de gente, era bastante divertido”, ressaltou. “Até as mulheres jogavam bola, todo mundo se dava bem”, complementou Marlene.
O passado da cidade, contado pelos moradores que aqui estão há muito tempo, revelam que os laços de amizades foram e são fortes, um dos fatos determinantes para que não saíssem daqui e fossem morar em outro lugar. Tanto para Marlene quanto para Chicão, a cidade de Sidrolândia é tudo, a cidade ‘mãe’ que os acolheu onde puderam criar as suas raízes e viver.