Buscar

No tribunal, réu muda versão e afirma que não tinha a intenção de matá-la

Cb image default
Foto: Suélen Duarte - Noticidade

O réu Paulo Eduardo dos Santos, 20 anos, que foi a Júri Popular, nesta quinta-feira (24), sendo condenado há 21 anos e 9 meses de prisão, além de multa de 10 meses, por matar e ocultar o cadáver da sua namorada, Jheniffer Cáceres de Oliveira, 17 anos, no plenário do Fórum de Sidrolândia, mudou a sua versão.

Em dois depoimentos prestados anteriormente ao julgamento, o rapaz afirmou que havia visto ela conversando com outro rapaz na esquina do Texas Lounge Bar, que fica na rua João Márcio Ferreira Terra, 441, São Bento, mas ontem (24), mudou a sua versão dizendo que viu eles se beijando e que nervoso saiu do carro, momento em que o menino viu ele se aproximando e deixou Jheniffer sozinha.

O depoimento do réu foi bastante confuso em algumas partes, se contradizendo algumas vezes, 1ª disse que estava de bicicleta, depois foi para a casa dos pais pegar o carro e seguir a moça, após falou que ela não estava deixando ele sair, no entanto, a vizinha viu ele dominando a menina, disse ainda que o crime ocorreu porque ela começou a arremessar as coisas nele, que não tinha a intenção de matá-la, que queria apenas “desmaia-la”, mas a vizinha sentou embaixo de um pé de fruta e afirmou que não ouviu nada, por este motivo havia ido dormir.

Questionado sobre o que teria ocorrido de fato depois do crime, se limitou a dizer que saiu da kitnet e foi para uma mata atrás do CTG (Centro de Tradições Gaúchas), que fica na avenida das Flores, 153. Na manhã de sábado teria ido para a auto escola e depois retornado para a mata, onde permaneceu até segunda-feira (1), quando decidiu ir para a serralheria onde trabalhava. Ele chegou a pedir o carro do patrão emprestado, alegando que havia se separado da moça e que iria fazer uma mudança, ele negou, mas se ofereceu para ajudá-lo, momento em que o réu recusou a ajuda.

O maior embate entre a Promotora de Justiça Drª Daniele Borghetti Zampieri e o Defensor Público Arthur Demleitner Cafure foi a questão da ocultação do cadáver. De acordo com Paulo, a sua intenção era se entregar e que não estava ocultando o cadáver. No entanto, a Promotora foi bastante assertiva em suas palavras, explicando ao Conselho de Sentença sobre todos os termos das qualificadoras do crime, sendo elas: de meio cruel, feminicídio, motivo torpe e ocultação de cadáver.

Cb image default
Foto: Suélen Duarte - Noticidade

De meio cruel, pois ela foi asfixiada, primeiro com as mãos, depois com o fio do carregador que arrebentou e após com a coleira do cachorro, é uma morte que impõe a vítima um grande sofrimento. Feminicídio, pois foi mais um caso onde a vítima foi morta por ser mulher, num contexto de violência doméstica intrafamiliar. Motivo torpe é aquele motivo mais desprezível. Desde o início, o Ministério Público entendeu que, naquele dia, ele foi movido por ciúmes e decidiu matá-la, típico de homem com atitudes machistas.

“Ocultação de cadáver é esconder, se eu cometo um homicídio na praça central de Sidrolândia para ocultar é preciso, realmente, tirar o corpo dali e jogar no mato lá atrás do CTG, onde ele disse que dormiu duas noites", ironizou a Promotora.

"Ocultar alguém que você matou dentro de casa, que é a sua única companheira, só mora vocês dois, onde ninguém entra na casa, vizinhança também pouco ficava ali, claro que deixando dentro de casa é o melhor do lugar”, disse relembrando que ele foi para a auto escola, onde agiu normalmente, entregou o atestado na segunda para o empregador, para comprovar que sábado estava na aula e por esta razão não teria comparecido para trabalhar, e ainda reafirmou a fala da locatária que o procurou na serralheria para relatar que exalava um cheiro forte vindo da casa dele, no dia ele falou que era o “cachorrinho” que havia morrido e estava lá dentro, que ele iria resolver assim que saísse do serviço.

Durante o julgamento o réu na maior parte do tempo permaneceu com a cabeça baixa. Em um determinado momento de sua fala, apesar do timbre da sua voz não oscilar, afirmou que estava arrependido. "Se pudesse voltar atrás, eu voltava. Peço perdão aos familiares, amigos, a todo mundo".