Ádani Brito, de 23 anos, moradora de Sidrolândia, teve o prazer de ir assistir os shows do Rock In Rio no dia 9 de setembro, que contou com a participação de Green Day, Fall Out Boy, Billy Idol e Capital Inicial no Palco Mundo. Ela contou todos os detalhes.
"Realizar um sonho é algo que nos deixa sem palavras, e é assim que inicio este texto, sem saber como expressar o misto de sentimentos que carrego em mim. Você deve estar se perguntando que sonho é este que me deixa tão atônita. Na última semana, mais precisamente no dia 06 de setembro, viajei ao Rio de Janeiro com meu namorado, para juntos vivermos uma das experiências mais únicas de minha vida, o Rock in Rio (RIR). Mas antes de contar como foi essa experiência avassaladora, vou contar um pouco da minha história com o festival e tudo o que envolve ele.
Mais ou menos desde meus doze ou treze anos sonho em ir ao Rock in Rio, por dois motivos principais, o primeiro e mais especial é porque o festival acontece no mês de meu aniversário, então todo ano de RIR eu pedia aos meus pais para ir, já que sempre caia bastante perto do de meu aniversário, porém, por eu ser nova demais e por meus pais não terem condições de bancar três ingressos e vários dias no Rio de Janeiro, nunca fui. O segundo motivo pelo meu fascínio como Rock in Rio, é justamente por eu ser apaixonada por festivais de música, não somente pela música, mas pela experiência que isso nos proporciona.
Assim sendo, por anos sonhei com isso, até que, em 2019, uma oportunidade surgiu. Na época meu namorado trabalhava na empresa que é responsável pelo aplicativo do Rock in Rio (spoiler: ela é de Campo Grande), por isso a organização do festival disponibilizou ingressos para o pessoal da empresa ir. Meu namorado me chamou, sabendo do meu grande sonho, porém, pelo convite ter vindo pouco tempo antes do festival acontecer e por ainda ser totalmente dependente financeiramente dos meus pais, não fui, já que não teria como custear a viagem toda, além de que eu iria sozinha ao show, já que meu namorado iria em outro dia, o que somente fez com que meus pais não deixassem de vez.
Lembro que fiquei chateada por não poder ir, porém prometi a mim mesma que no próximo eu iria, que em 2021 eu estaria lá. Porém o que nem eu, nem ninguém esperávamos era que, em março de 2020 a pandemia chegaria, nos trazendo a dúvida de quando as coisas voltariam ao normal. Então, em 2021 não teve o festival e não se sabia quando teria novamente.
Até que, em março descobri que teria Rock in Rio 2022, e que os ingressos seriam vendidos em abril, e no dia 05 daquele mês, lá estava eu na fila para comprar o tão sonhado ingresso para o Rock in Rio, porque sim, eu tinha dinheiro para ir dessa vez, lembra da minha promessa? Mas em que dia ir?
Nunca fui aquela pessoa fissurada em nenhuma banda, sempre escutei o que me agrada, não importa o gênero, sendo assim, qualquer dia que eu fosse estaria extremamente feliz. Sempre tive um pezinho no pop e no rock, na minha pré-adolescência amava NX-Zero (esse ainda amo), Restart e Avril Lavigne, mas também ouvia Aerosmith e rocks mais clássicos, digamos assim. Quando comecei a namorar me deparei com um emo de carteirinha e por osmose passei a ouvir outras bandas, como Bring Me The Horizon, Fall Out Boy, Green Day, Fresno, entre muitas outras. Então juntou a fome com a vontade de comer e passei a ouvir mais o gênero.
Então a decisão da escolha do dia em que iríamos ao festival não foi tão difícil, vi que Fall Out Boy, Green Day e Avril Lavigne se apresentariam no mesmo dia, e esse foi o escolhido, 09 de setembro, o grande dia em que a Ádani de 12 e de 23 realizariam um grande sonho estava marcado.
Ingressos, passagens e hospedagens garantidas, a viagem era só questão de tempo para acontecer. E o grande dia chegou, dia 06 de setembro viajamos, conhecemos o Rio e curtimos muito a cidade, mas o evento principal era o mais aguardado. No dia 09 nos levantamos cedo, tomamos nosso café em uma padaria super charmosa perto do apartamento que estávamos hospedados, nos arrumamos, e fomos. Saímos às 10h30 e fomos a pé até a estação de metrô do Botafogo, de lá partimos para o Jardim Oceânico, uma das estações de onde os ônibus do Rock Express estavam saindo para a Cidade do Rock.
Tudo muito bem organizado e sinalizado, e cerca de vinte minutos depois de pegarmos o ônibus, chegamos, às 12h debaixo do sol do Rio de Janeiro. A espera no sol foi de duas horas, até que as revistas de bolsas e a abertura dos portões aconteceu. Todos entraram correndo, uns para pegar um lugar bom na famosa grade, outros para filas de brinquedos e ainda outros para os stands das marcas. Eu e meu namorado corremos para a fila da Roda Gigante, agendamos nosso horário para o brinquedo e fomos dar uma andada pela Cidade do Rock. Durante essa caminhada decidimos agendar para irmos na Montanha Russa também, a qual estava mais vazia, então conseguimos um horário dali dez minutos. Aquele brinquedo foi a experiência mais insana que já tive na vida, quando você olha de fora não parece tão maluco e radical, mas quando aquele carrinho começa a descer você não sabe o que te aguarda. O loop é fichinha perto das curvas em descida! São dois minutos que parecem uma eternidade e você sai de lá meio desnorteado e com as pernas bambas, mas sai muito feliz, é até estranho descrever a sensação, porque é uma mistura de “Socorro, nunca mais quero ir nesse negócio!!” e de “Vamos de novo!!”.
Depois da radical Montanha Russa fomos para a pacata e calma Roda Gigante, um dos mais, se não “O” mais famoso brinquedo do festival. Localizada entre o palco Sunset e o Mundo, tem uma visão privilegiada de todo o parque Olímpico, onde fica a Cidade do Rock, a visão lá de cima é linda, a mesma emoção da Montanha Russa existe ali, porém com menos euforia e loucura.
Quando estávamos bem no alto da Roda Gigante, o Di Ferrero (vocalista da Nx-Zero) e Vitor Kley (Ô Sol vê não esquece e me ilumina…) subiram ao palco. Assim que descemos, os dois fãs de Nx-Zero saíram correndo para ver o ídolo de perto. Escrevendo isso meu coração volta a bater rápido só de lembrar! E esse foi o show que mais curti, cantei, pulei, gritei, dancei, fiz tudo que tinha direito. Naquele momento não era somente a Ádani de 23 anos cantando, mas a adolescente que há dentro de mim gritando e ficando sem voz. Cantamos a plenos pulmões “Cedo ou Tarde” e “Razões e Emoções”, parecendo que estávamos em 2006 novamente, ouvindo pela primeira vez esses ícones do Rock Emo brasileiro. E claro, cantamos as músicas do Vitor Kley também.
Depois do grande show do Di e do Vitor, fomos para o palco Itaú, onde tinha recém começado o show do Fresno, banda a qual meu namorado curte muito. Fresno em seus 23 anos, com público de muitas gerações, muitos sucessos lançados, não estava previsto para apresentar-se no Rock in Rio deste ano. No entanto, em uma parceria com o Itaú e o TikTok, a banda foi chamada para dois mini-shows, o que levou seu público à loucura, ainda mais em uma noite tão nostálgica aos emos dos anos 2000. Com um repertório de músicas antigas somente levou o público a ficar ainda mais nostálgico lembrando de sua adolescência, além das músicas consagradas, a banda tocou suas mais recentes canções, as quais também estão na boca do seu público. As músicas, a presença de palco e a animação do público foram o auge, mesmo com um palco onde 90% das pessoas não conseguia enxergar a banda por conta de quatro pilares gigantes e desnecessários que ficavam na frente. Além disso, o sucesso do show foi tamanho que eles poderiam, facilmente, ter se apresentado no Palco Sunset ou, até mesmo, no Palco Mundo, já que público para tal, tinha.
Outro show que esperávamos bastante era o do Capital Inicial, depois do show do Fresno fomos direto para o Palco Mundo esperar o show começar... E que show! Durante todo ele só pensava no meu pai, que ama a banda, e no quanto ele estaria feliz se estivesse lá, mas gravei muitos vídeos para ele ver quando cheguei em casa (ele ficou todo feliz!!). Cantei super eufórica “Primeiros Erros”, "À Sua Maneira” e “O Passageiro”. Após isso fomos jantar e esperar o próximo show, que seria às 21h15, da Avril, no Palco Sunset, e aqui começa o desastre.
O show dela era o que eu estava mais animada para ir porque desde novinha conhecia as músicas dela, escutei o álbum novo para saber cantar as músicas, me preparei, sabia que estaria cheio de gente e que talvez tivesse que ficar super longe do palco, mas não me importava, só queria poder ver ela, mesmo que fosse de longe e bem pequenininha. E não era somente eu que queria assistir ao show dela, aparentemente o Rock in Rio inteiro também queria. Não conseguia respirar direito no meio daquela multidão, não conseguia enxergar nem o telão, quem dirá o palco, e nem escutar conseguia, já que o som estava bem baixo. Resumindo, saímos dali e fomos para o Palco Mundo, de onde assistimos o show pelo telão e onde o som estava muito melhor. No entanto, mesmo com todos estes percalços sua apresentação foi sensacional, lotada de músicas antigas como “Complicated”, "Sk8er Boi”, “Girlfriend”, “What the Hell”, “My Happy Ending”, entre outras tantas que esquentaram o coraçãozinho de todos os fãs que aguardavam ansiosamente pela princesinha do rock.
Com o fim do show da canadense, o público se deslocou para o Palco Mundo, onde iria iniciar a apresentação do Fall Out Boy. Como já pode ser exposto aqui, o festival estava lotado, e aquele mar de pessoas estava ali para curtir ao máximo todo o espetáculo. A banda levou o público à loucura ao som de músicas que mais uma vez trouxeram um ar nostálgico àquela sexta-feira que ficou conhecida como “Dia do Emo” do festival. O show agradou a todos, que cantaram animados até o fim da performance, que teve e direito até a um piano que soltava chamas de seu topo na música “Save Rock and Roll”. Finalizando com um trio de tirar o fôlego (“Thnks fr th Mmrs”, “Centuries” e “Saturday”) o show não decepcionou os fãs que os esperavam desde 2017, a última vez que estiveram no Brasil.
Então, o tão aguardado headliner chegou, Green Day subiu ao palco ao som de “American Idiot”, levando até o público que estava na fila da água à loucura. O mais aguardado da noite foi o famoso “prometeu nada e entregou tudo”, do início ao fim a banda com 36 anos de carreira manteve o público nas alturas e super animado, cantando a plenos pulmões cada canção que era tocada. O auge do show para mim foi quando um fã subiu ao palco e pediu sua namorada em casamento, tendo a benção do Billie, um sonho! Outras duas sortudas subiram no palco, uma cantou aos gritos “ Know Your Enemy”, enquanto uma outra fã teve a oportunidade de tocar a guitarra na música “Knowledge”, além de ganhar a guitarra de presente (duplamente sortuda essa!).
Depois das quase duas horas de show, Green Day deixou o palco com uma queima de fogos nas cores da banda. Assim, o clássico hino do Rock in Rio e a grande queima de fogos iniciou e, para mim, que sempre sonhou em ver isso ao vivo, foi o momento mais emocionante de todos, ouvir aquela música que sei cantar desde novinha, vendo aqueles fogos sincronizados com a música e vendo todo aquele espetáculo, mesmo com todo o cansaço me arrepiou inteira, deixando um gostinho de quero mais e muito mais.
Com toda certeza foi a experiência mais sensacional que tive na vida até o momento, nunca vou me esquecer, até mesmo dos perrengues para beber água, ir ao banheiro, o pé com bolhas de tanto ficar em pé, o cansaço, o tempo no sol até abrirem os portões. Tudo! Tudo valeu a pena e tudo vale a pena para realizar um sonho, ainda mais um sonho tão antigo. Posso dizer que aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida, facilmente."