Publicado em 14/10/2024 às 15:13,
O ex-chefe de compras da prefeitura de Sidrolândia, Tiago Basso da Silva, informou à Justiça que irá pagar até o fim deste mês o valor de R$ 80 mil referente à devolução de valor que teria recebido como propina para operar esquema de corrupção chefiado pelo genro da prefeita Vanda Camilo (PP) e vereador de Campo Grande, Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho, mais conhecido como Claudinho Serra (PSDB).
A devolução faz parte de acordo de colaboração premiada feita com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Dessa forma, Silva confirma que cumpre a contrapartida e mantém o acordo.
Em depoimento de delação feita aos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o ex-servidor detalhou como funcionava todo o esquema chefiado pelo vereador do PSDB. No total, 23 investigados se tornaram réus pelo esquema de corrupção em Sidrolândia.
Depoimento
O depoimento do delator, em abril deste ano, expôs os detalhes do esquema de corrupção chefiado por Claudinho Serra (PSDB) em Sidrolândia. Como exemplo de como o grupo agia, Tiago detalha pagamento em dobro por um produto ou serviço, “mesada” de 10% cobrada de empresários e uso de contratos para interesses pessoais.
Assim, Tiago detalhou que tinha como função fazer cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia, a mando de Claudinho. Nessa lista de empresários estão alguns réus da Operação Tromper como José Ricardo Rocamora, Luiz Gustavo Justiniano Marcondes e Milton Matheus Paiva Matos. Os pagamentos eram feitos, na maioria dos casos, em dinheiro em espécie.
“O Cláudio Serra, na época secretário de fazenda, cobrava uma porcentagem de 10% das empresas que tinham grandes contratos com o Município. Então ele me fazia levantamentos, igual Ricardo Rocamora e outras empresas. Essa empresa recebeu R$ 30 mil neste mês do município, então você tem que cobrar dela R$ 3 mil neste mês. Dez por cento tem que pagar de comissão para a gente aqui”, afirmou Silva durante a delação.
Ainda de acordo com a delação, Tiago detalha que, mensalmente, emitia cerca de R$ 100 mil em notas frias, ou seja, que não correspondiam ao serviço prestado.
Com a coleta de provas e a investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) na terceira fase da Operação Tromper, o Ministério Público denunciou 22 pessoas por envolvimento nas fraudes em licitações para o fechamento de contratos em Sidrolândia. A acusação alega que organização criminosa tinha “atuação predatória e ilegal”, agindo com “gana e voracidade”.