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Completando 100 anos, Dona Amália “revela” o segredo para viver tanto

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Dona Amália nos recebeu na sala de sua casa. Foto: Noticidade 

A reportagem do Noticidade visitou na última semana a casa da Dona Amalia Desconsi Martinelli, que completou no último dia 11, inacreditáveis 100 anos de idade, mesmo que sua aparência seja de uma senhora de muito menos idade.

Os documentos comprovam, Amalia nasceu no dia 11 de junho de 1919, ano de eleições conturbadas no Brasil, ano também da assinatura do Tratado de Versalhes, que envolveu as potências europeias em um acordo que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial.

A querida centenária nasceu no distrito de Boa Esperança (RS), seus pais se chamavam Rafael Desconsi e Dulfina Concari Desconsi. Na infância, perambulou de uma cidade pra outra no RS, até ficar de vez em Colorado, cidade gaúcha considerada o berço da lavoura mecanizada. 

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Quadro na parede guarda um momento especial entre Amalia e seu esposo. Foto: Noticidade

Aos 28 anos, em 1947, conheceu o grande amor de sua vida, com quem viveu uma verdadeira história de contos de fadas, relacionamento a qual ela garante que nunca houve uma briga se quer, a não ser um pequeno desentendimento que será contado ainda neste texto.

Seu esposo, chamava-se Unildo Pedro Martinelli, com ele, ela teve 2 filhas e 5 filhos, um deles, era Ofir Geraldo Martinelli, ex-vereador de Sidrolândia e dono do pesqueiro Martinelli, que acabou falecendo no ano passado e comoveu a cidade por ser uma pessoa de grande carisma e importância em nosso município.

Além dos filhos, Dona Amália também tem 15 netos, 10 bisnetos e 1 tataraneto, todos a querem muito bem e alguns viajam de muito longe todo ano para poder ficar pertinho dela.

Há 37 anos, Dona Amália veio com o marido visitar alguns parentes em Sidrolândia, mas ao pisar nas terras sul-mato-grossenses, se apaixonou pela cidade e em acordo com o marido, decidiram que aqui viveriam o resto de suas vidas.

Cinco anos após terem se mudado para Sidrolândia, Dona Amália acabou ficando viúva, mas a força dos amigos e familiares e o fato de estar rodeada de pessoas que a amam, ajudaram ela a continuar firme, o amor pelos netinhos e bisnetos e a persistência em continuar fazendo até mesmo serviços domésticos, fizeram de Dona Amália uma mulher forte, muito apegada à fé e que não reclama de nada. Separamos alguns tópicos para que Dona Amália respondesse algumas perguntas e vamos colocar as respostas com as palavras dela mesma.

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As cinco gerações na mesma foto, filha, neta, bisneta e tataraneto.

Qual foi sua profissão durante a vida?

“Para não dizer que não trabalhei com nada, eu era costureira, mas minha profissão de vida mesmo era de doméstica, criei todos os meus filhos em casa, fazia os serviços domésticos, mas tinha uma paixão por costurar”. Revelou Dona Amalia.

Nestes 100 anos, tem algum momento em especial marcado em sua memória?

“Olha, pra mim a vida inteira foi boa, tive uma vida muito boa, nunca fui doente, criei todos meus filhos juntos, amava meu marido e ele também me amava muito, considero que eu vivi como uma santa, graças a Deus fui feliz a vida inteira.

E algum momento em especial que ficou marcado por tristeza?

“Não sei nem o que dizer, mas acredito que seja na morte dos meus dois filhos e do meu marido, mas também não reclamo e nem fico me lamentando, sou muito grata pela minha vida como ela foi boa”, destacou.

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Dona Amalia sorri ao ver que está sendo fotografada. Foto: Noticidade 

Com 40 anos de casada, qual o segredo pra um relacionamento durar tanto?

“Olha, nós nunca discutimos nesses 40 anos, uma vez só, ele se incomodou por uma coisinha de nada, e eu respondi mal. Tinha cozinhado uma mandioca e ele falou que não tinha gostado, eu respondi que nunca mais ia cozinhar mandioca outra vez. Ele deu um murro em cima da mesa, e disse que segunda-feira teria mandioca em cima da mesa. Neste dia, mesmo sem nos falar, dormimos juntos, no outro dia cedo, ele permaneceu quieto e foi trabalhar, estava com a cabeça na mandioca”, disse dona Amalia, enquanto gargalhava.

“Tomamos café juntos, tomamos chimarrão, mas ele não falou nada comigo, quando ele saiu, ele passou na casa da irmã dele, e ela foi me buscar, ela me disse para ficar lá até ele voltar, quando ele voltou, ele não me chamou pra ir pra casa, ele me perguntou se eu queria ir para casa, isso me deixou triste, mas eu disse que claro que eu queria e fomos para casa sem nos falar. No outro dia, já era segunda, ele foi trabalhar e quando ele voltou, a mandioca estava na mesa”, ela completa com mais gargalhadas.

“A mandioca estava na mesa, mas eu fiquei bem quieta, ele também não falava nada, depois do almoço, ele foi se deitar, eu fui até o quarto e fiquei olhando pela janela, havia chorado antes, ele se levantou, me abraçou, me beijou e falou agora chega, nunca mais na vida a gente voltou a ter qualquer discussão”. Finalizou.

“Em uma briga, não se deve responder na hora, se tem alguma coisa para falar, deixa pra falar depois, a paciência e o respeito é o segredo pra um casal viver em harmonia”, revelou Dona Amalia.

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“Eu só não como osso porque é muito duro". Foto: Noticidade 

Qual é o segredo para viver tanto tempo?

“Olha, eu estou muito bem, eu tenho saúde, como bem, tomo banho sozinha, eu quero o bem de todo mundo, as crianças mesmo são mais minhas do que delas (filhas), tenho algumas noras dentro de casa mesmo que já não vivem com meus filhos, porque eu as amo, nunca falei mal de ninguém e nunca cuidei da vida de ninguém, mas o principal, é que sou muito apegada a minha fé, vou na missa, faço minha oração o dia inteiro e Deus me dá forças para continuar viva, mas não quero viver mais 100 não”, finaliza rindo, com uma carisma único.

A senhora tem alguma dieta específica?

“Eu só não como osso porque é muito duro (risos), eu como de tudo, gosto até de beber uma cervejinha, moderadamente claro, eu gosto de dormir bem e de cuidar de mim sem falar mal de ninguém”.

Para comemorar o aniversário, Dona Amália reuniu a família toda e fez uma grande festa, sua alegria e sua fé são contagiantes, uma mulher de muito carisma e que é apaixonada pela vida e pelas pessoas ao seu redor.

De lição, tiramos que o necessário para viver tanto, e viver bem, é não guardar ódio ou rancor de ninguém, é respeitar as pessoas ao seu redor e não reclamar das coisas ruins que a vida nos coloca. Dona Amalia é um exemplo de vida.