A Fazenda Santo Antônio de Maracaju foi destaque no Globo Rural nacional neste domingo (17). O agricultor Luís Alberto Moraes explicou que o momento atual é importante para definir qual produtividade a fazenda vai conseguir na safra. Tudo com muito planejamento.
O plantio da soja está em ritmo acelerado em boa parte do Centro-Oeste do país, mas isso não significa que o trabalho dos agricultores começou apenas nesta época do ano. Meses antes, há muito planejamento para garantir uma safra cheia do principal produto do agronegócio brasileiro.
Em Mato Grosso do Sul, a semeadura do grão está atrasada por causa da falta de chuva. Até o momento, cerca de 50% da área no estado foi cultivada. Um cenário que exige ainda mais precisão do produtor rural.
Em Maracaju, a produção nos 2.300 hectares do local é típica de Mato Grosso do Sul: tem gado de corte, cana-de-açúcar e soja, principal fonte de renda e que ocupa 1.200 hectares.
A administração é familiar e um dos proprietários é o agricultor Luís Alberto Moraes. De acordo com ele, uma das primeiras e mais importantes etapas antes do plantio é análise do solo. Na fazenda, o trabalho é feito com ajuda de uma novidade em tecnologia: quadriciclos. Primeiro, os veículos mapeiam a área via satélite. Depois, a máquina atinge uma profundidade de 20 cm no solo e recolhe amostras a cada quatro hectares. Esse material depois é analisado em laboratório. Tudo é automatizado e não existe contato do técnico com a terra.
Esta fase é o início da chamada agricultura de precisão. Com isso, agrônomo e produtor organizam a compra das sementes a partir das características de cada talhão, e já pensando no planejamento de colheita.
O resultado dessas análises ajuda também o produtor a definir quais insumos que pode usar para melhoria do solo e a quantidade certa deles, o que evita desperdícios.
Os laudos da qualidade do solo geram mapas que indicam as áreas que precisam de correção. Dessa forma, a aplicação de fertilizantes vai de acordo com a necessidade de cada ponto. "Aqui a gente sabe, metro a metro, a dose necessária [de fertilizante]. E o maquinário se autorregula, aplicando mais e menos, de acordo com o mapa que está inserido no controlador", explica o engenheiro agrônomo Fernando Rodrigues Alves Martins.
O combustível para o maquinário é comprado com antecedência e precisa ficar armazenado de forma correta. Os defensivos e os adubos também, eles ficam em galpões esperando o início da semeadura. "Essa é uma preocupação grande que a gente tem. O que não pode acontecer de forma nenhuma é a gente atrasar o plantio por falta de insumos", afirma o produtor rural.
Cuidado com as plantas daninhas
Antes do plantio, é importante identificar as plantas invasoras. Elas precisam ser eliminadas com herbicidas. A aplicação também é feita com um maquinário moderno.
"Antigamente, com pulverizadores antigos, essa operação era feita diretamente pelo aplicador, hoje a máquina faz isso sozinha, ela faz automaticamente esse processo", explica o engenheiro agrônomo Bruno Milan.
"Ela desliga onde já foi pulverizado e automaticamente ela liga o sistema de pulverização novamente quando ela identifica que naquele ponto ainda não foi aplicado", completa Milan.
Depois de toda essa preparação, que dura meses, enfim chega a hora do plantio.
Na propriedade visitada, o método de cultivo é o plantio direto, uma técnica essencial na agricultura brasileira. A semeadura é feita na palha da lavoura anterior, isso diminui, por exemplo, o impacto de uma chuva forte no solo, e mantém a temperatura ideal para as plantas, aumentando a produtividade.
Com a modernidade, o operador não precisa mais dirigir o maquinário, as coordenadas de GPS direcionam o trabalho na lavoura. Para decidir o momento de colocar as máquinas no campo, o produtor tem que estar de olho no clima. Na fazenda visitada pela reportagem do Globo Rural, o plantio da soja nesta safra começou com um mês de atraso porque a chuva demorou pra chegar.
"Se a gente planta com pouco umidade e não vem uma chuva para frente, o que pode acontecer? A planta vai emergir, ela vai emitir a sua raiz, mas ela não vai mais encontrar umidade, ela vai morrer", explica Luís Alberto Moraes.
A eficiência do plantio, depende ainda da velocidade das plantadeiras, que não podem passar de 5 km por hora.
"Se eu plantar muito devagar, eu não consigo plantar em tempo e me obriga a ter mais maquinários. Se eu plantar depressa demais, eu prejudico a qualidade do plantio. Então eu tenho que adequar a minha tecnologia embarcada das máquinas, com a quantidade de máquinas que eu tenho na fazenda", afirma Martins.
Os dados levantados em todas as etapas, vão para um aplicativo de celular e todo mundo envolvido no plantio recebe as informações.
O plantio dura em torno de 45 dias, e Moraes já está pensando nas próximas etapas. "A nossa vida é assim... a gente planta, cuida e colhe. Já vem outra cultura, planta de novo. Isso é oportunidade para muita gente, é uma satisfação enorme", afirma o produtor rural.
Após o plantio, começa o monitoramento
Terminada a semeadura da soja, começa a fase de monitoramento, que exige muita atenção, especialmente em relação às pragas porque nesta etapa, a planta ainda é muito frágil.
Na fazenda visitada, o gerente operacional e os técnicos monitoram a área a cada três dias. O objetivo é evitar os ataques de lagartas, que deixam a planta neste estado.
"A partir do momento que a planta não tem folhas, ela vai reduzindo a taxa de fotossíntese dela, chega um ponto que ela definha e morre. Cada centímetro de folha atacada representa muito", explica o gerente operacional Pedro Neves Neto.
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