Quem chega à comunidade quilombola São Miguel, localizada no município de Maracaju, se depara com uma comunidade que prosperou ao investir em capacitação. Atualmente, o grupo de 62 famílias empreende com a produção de hortifruti, polpa de frutas, pães, doces, mel, rapadura e farinha de mandioca. A realização desse trabalho recebeu o apoio do Sebrae/MS, por meio do programa Cidade Empreendedora, realizado em parceria com a Prefeitura Municipal, e, com isso, foi possível estruturar a comunidade e profissionalizar o negócio.
Fundada em 1942, a comunidade quilombola reúne descendentes de pessoas que foram submetidas à escravidão e encontraram na produção de alimentos uma alternativa para garantir o sustento das famílias. Hoje são 28 pequenos empreendedores e produtores da agricultura familiar que geram renda a partir da própria terra e fornecem hortaliças para as escolas da rede municipal de ensino por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além de comercializarem os alimentos em feiras e mercados.
Segundo o presidente da comunidade quilombola, Jorge Henrique Gonçalves Flores, só foi possível ampliar as vendas e obter lucro com a qualificação. “Antigamente não sabíamos como precificar, nem dar valor ao nosso produto e o Sebrae ajudou a gente nesse processo, nos dando a oportunidade de sermos empreendedores. Agora nossa propriedade é uma empresa. Nós podemos tirar nosso sustento e administrar isso para que ela possa ser uma boa fonte de renda para todos nós”, contou.
E como Jorge ressalta que o próprio quilombo é um ‘produto’ que merece atenção, a comunidade também está investindo na propriedade, tanto para ter melhor resultado na colheita, como tornar o espaço favorável para receber turistas que tenham interesse em conhecer a realidade do local. “Estamos tentando levar a comunidade para esse lado, aonde as pessoas vêm para conhecer o sistema de produção. Estamos criando uma rota de sabores”, pontuou Jorge.
Com a adesão do programa Cidade Empreendedora, o Sebrae/MS, em parceria com a Prefeitura Municipal, buscou fortalecer ainda mais os produtores rurais a partir de consultorias para o aprimoramento de produtos e apoio em ações de governança para aplicação de boas práticas no negócio. Para Jorge Henrique, a adesão ao programa contribuiu positivamente para o desenvolvimento não só dos pequenos negócios, mas de todo o município.
“Aconteceu uma transformação. A cada ano a gente tem avançado, principalmente no âmbito do empreendedorismo, o que passou a ser o carro-chefe na comunidade. O Cidade Empreendedora é uma porta aberta que todos da comunidade tem enxergado como uma oportunidade de ser um grande empreendimento”, concluiu.