Em meio à guerra entre facções e massacres pelo país, em Mato Grosso do Sul o número de mortes em presídios cresceu em 2017 é quatro vezes maior que a média do ano passado. Enquanto que em 2016, foi registrada uma morte a cada duas semanas, este ano já foram quatro no mesmo período.
Se comparados os dados de 2015 com os do ano passado, também houve aumento de 36% nos casos. Enquanto que em 2015 foram registradas 14 mortes violentas – sendo três consideradas suicídios –, no ano passado houve o registro de 22 casos.
Com este resultado, Mato Grosso do Sul aparece em 7º lugar no ranking dos estados como mais mortes violentas em presídios no país. O primeiro é o Ceará, no Nordeste, com 50 casos.
Os dados são da Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário), que afirma estar tomando medidas preventivas a partir do serviço de inteligência existente dentro das penitenciárias, para evitar os conflitos entre presos e controlar a situação nos presídios, como aumento de efetivo e transferências.
A afirmação é negada pelo Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária), que relata clima tenso nos presídios do Estado.
Guerra e matança – Em todos os estados do Brasil, a maioria das mortes ocorridas no ano passado e neste ano, são por conta da guerra entre facções.
Em MS não é diferente. Em agosto, dois presos foram mortos após uma rebelião no presídio de Segurança Máxima de Naviraí - cidade localizada a 366 km de Campo Grande.
Luiz Fabiano Bezerra, 36, o “Zorba”, e Fernando Florentino da Silva, também de 36 anos, foram executados por companheiros de cela. O motivo seria uma disputa de facções pelo domínio do crime organizado na região sul do Estado.
No caso, a briga já conhecida entre o grupo paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) e os cariocas do CV (Comando Vermelho).
Este ano, duas, das quatro mortes que ocorreram no Estado foram na penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, uma em Dourados - investigada como suicídio - e a quarta em Naviraí. Uma quarta foi em Naviraí, e o motivo também seria a guerra entre facções.
Guerra - A guerra entre as facções, que já matou 119 pessoas no país, teria explodido em setembro do ano passado, depois de um “comunicado” que uma das facções emitiu, o “Salve Geral do PCC”, decretando o fim da aliança com Comando Vermelho.
O texto foi escrito a mão, na Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde fica a cúpula do PCC. Possivelmente foi transportada por algum advogado ou visitante e enviado às prisões brasileiras dominadas pela facção. O “salve” se espalhou.
Depois disso, de outubro até hoje, presos foram assassinados em presídios de Roraima, Rondônia, Amazonas, Ceará.
No dia 1º, presos da FDN lideraram a matança de 60 presos do PCC em Manaus, no Amazonas. A retaliação veio após cinco dias, quando o PCC matou 33 rivais em uma prisão em Boa Vista, Roraima. A disputa por rotas de tráfico de drogas nas fronteiras e o avanço do paulista PCC no Norte e no Nordeste estão entre os motivos .
Na manhã de domingo (15), o presidente Michel Temer se manifestou por meio de sua conta no Twitter. Disse que acompanhava a situação desde o dia anterior e que determinou ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que preste o auxílio necessário ao governo do Rio Grande do Norte. Quando houve o massacre em Manaus, o presidente foi criticado por ter se manifestado apenas quatro dias depois.
Em nota, Moraes informou que, a pedido do governador, autorizou “que parte dos R$ 13 milhões do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), liberados no dia 29 de dezembro de 2016 para modernização e aquisição de equipamentos, seja utilizada em construções que reforcem a segurança no presídio”.
O presidente da Comissão dos Advogados Criminalistas da Ordem dos Advogados do Brasil, Gabriel Bulhões, acusou o governo de omissão. “É uma tragédia anunciada. Havia a informação de que eles estavam se armando há algum tempo. As medidas, porém, não foram adotadas.”
Campo Grande News