O cenário no entorno da antiga rodoviária, bem no Centro da cidade reflete o extremo a que o vício em drogas pode levar um usuário que toma as ruas. O consumo e venda dos entorpecentes, ocorre a qualquer hora por quem resiste em viver ali, mesmo com ações assistenciais da prefeitura.
Situação que assusta a primeira vista, mas também reflete um pouco da banalização nossa de cada dia diante de um problema crônico em qualquer cidade. Na |cracolândia| de Campo Grande, a realidade lembra São Paulo, por exemplo, que na semana passada foi alvo de uma ação de policiais para dispersão dos usuários de drogas, literalmente, a tiro, porrada e bomba.Por aqui, apesar de menor em proporção, a marginalidade pelas calçadas fétidas de urina e lixo entre a Barão do Rio Branco e Dom Aquino também preocupa. A polícia “bate por prazer”, segundo usuários, e o consumo de drogas também é ao ar livre por quem a cada dia se afunda ainda mais no vício.|Eles [policiais] batem na gente por prazer. A guarda não vai atrás de quem vende a droga, do peixe grande, só de nós usuários”, conta o José Carlos Braz, que vive na rua há dez dos 56 anos de vida.Mas, enquanto mostra o ferimento na cabeça, que segundo ele foi causado por um cassetete, explica que a violência por ali também é entre eles mesmos, os próprios viciados em pasta-base de cocaína.
Situação que assusta a primeira vista, mas também reflete um pouco da banalização nossa de cada dia diante de um problema crônico em qualquer cidade. Na |cracolândia| de Campo Grande, a realidade lembra São Paulo, por exemplo, que na semana passada foi alvo de uma ação de policiais para dispersão dos usuários de drogas, literalmente, a tiro, porrada e bomba.
Por aqui, apesar de menor em proporção, a marginalidade pelas calçadas fétidas de urina e lixo entre a Barão do Rio Branco e Dom Aquino também preocupa. A polícia “bate por prazer”, segundo usuários, e o consumo de drogas também é ao ar livre por quem a cada dia se afunda ainda mais no vício.
|Eles [policiais] batem na gente por prazer. A guarda não vai atrás de quem vende a droga, do peixe grande, só de nós usuários”, conta o José Carlos Braz, que vive na rua há dez dos 56 anos de vida.
Mas, enquanto mostra o ferimento na cabeça, que segundo ele foi causado por um cassetete, explica que a violência por ali também é entre eles mesmos, os próprios viciados em pasta-base de cocaína.
“Já fui ameaçado de morte por outro usuário. Uma vez eles acharam uma faca comigo e, para me dar uma lição, ameaçaram cortar minha orelha. Não cortaram, mais apanhei bastante”, comenta.Dinheiro ele conta que consegue vendendo balas no semáforo para manter a dependência em pasta-base, vício que tornou qualquer relação em sua vida insustentável. “Perdi toda a minha família para essa merda de vício. A pessoa fica louca quando usa. Quando vem a vontade da droga a gente perde o controle e precisa fumar a qualquer custo. Tem gente que furta, tem gente que pede no sinal”, completa.Há 18 anos vivendo sobre a dependência de drogas, outro morador de rua, Luis André de 34 anos, também admite o vício. Há sete meses perambula pelas ruas da Capital e contabiliza os prejuízos da realidade ao relento.|Vim para Campo Grande trabalhar, mas não deu certo. Como eu já era viciado, ‘caí’ nas ruas. Tenho um filho de 17 anos e não tem nada mais que eu queira do que sair dessa vida, mas aqui em Campo Grande não existe tratamento para viciados pobres, só para rico”, se queixa.Humilhante é como ele define não só a forma como vive, mas também a conduta dos agentes de segurança. |Ontem eu e um amigo que é gay fomos abordados por uns guardas que disseram que só iam liberar a gente se déssemos um beijo de língua. Tivemos que nos beijar. Nenhum ser merece essa violência gratuita e aqui a gente só recebe isso. É humilhante|, pontua.
“Já fui ameaçado de morte por outro usuário. Uma vez eles acharam uma faca comigo e, para me dar uma lição, ameaçaram cortar minha orelha. Não cortaram, mais apanhei bastante”, comenta.
Dinheiro ele conta que consegue vendendo balas no semáforo para manter a dependência em pasta-base, vício que tornou qualquer relação em sua vida insustentável. “Perdi toda a minha família para essa merda de vício. A pessoa fica louca quando usa. Quando vem a vontade da droga a gente perde o controle e precisa fumar a qualquer custo. Tem gente que furta, tem gente que pede no sinal”, completa.
Há 18 anos vivendo sobre a dependência de drogas, outro morador de rua, Luis André de 34 anos, também admite o vício. Há sete meses perambula pelas ruas da Capital e contabiliza os prejuízos da realidade ao relento.
|Vim para Campo Grande trabalhar, mas não deu certo. Como eu já era viciado, ‘caí’ nas ruas. Tenho um filho de 17 anos e não tem nada mais que eu queira do que sair dessa vida, mas aqui em Campo Grande não existe tratamento para viciados pobres, só para rico”, se queixa.
Humilhante é como ele define não só a forma como vive, mas também a conduta dos agentes de segurança. |Ontem eu e um amigo que é gay fomos abordados por uns guardas que disseram que só iam liberar a gente se déssemos um beijo de língua. Tivemos que nos beijar. Nenhum ser merece essa violência gratuita e aqui a gente só recebe isso. É humilhante|, pontua.
“Consegui essa droga aqui”, diz outro usuário enquanto entrega, às pressas, as pedras de pasta-base ao rapaz, enquanto ele fala com a reportagem. Segundo os próprios usuários, é esporádica a ação de agentes da prefeitura na assistência de quem vive pela vizinhança do terminal abandonado.Uma ajuda ocorre por meio de membros de igrejas evangélicas e espíritas ou de poucos moradores como a dona de casa Mônica Dib Lopes de 57 anos. |Sempre tratei eles com muito respeito porque são seres humanos assim como nós, sem diferença nenhuma. Eu sempre ajudo com remédios, cobertores e produtos de higiene pessoal, acho que todo ser humano tem direito a dignidade”, conta.Há 35 anos morando pela vizinhança ao local, ressalta que nunca teve problema com os usuários, apesar do consumo de droga descontrolado gerar incomodo. Mas ela também critica a ação desmedida da polícia.“Eu achei um absurdo extremamente desumano o que aconteceu em São Paulo, são pessoas, merecem respeito”, completa. Já um outro vizinho, Jeann Albatroz de 28 anos, conta que a falta de infraestrutura pela região agrava a situação de abandono.|Já fui assaltado duas vezes. Tenho medo de andar na rua quando escurece, porque as ruas aqui tem pouca iluminação e o comércio de drogas acontece livremente e ninguém faz nada|, se queixa.
“Consegui essa droga aqui”, diz outro usuário enquanto entrega, às pressas, as pedras de pasta-base ao rapaz, enquanto ele fala com a reportagem. Segundo os próprios usuários, é esporádica a ação de agentes da prefeitura na assistência de quem vive pela vizinhança do terminal abandonado.
Uma ajuda ocorre por meio de membros de igrejas evangélicas e espíritas ou de poucos moradores como a dona de casa Mônica Dib Lopes de 57 anos. |Sempre tratei eles com muito respeito porque são seres humanos assim como nós, sem diferença nenhuma. Eu sempre ajudo com remédios, cobertores e produtos de higiene pessoal, acho que todo ser humano tem direito a dignidade”, conta.
Há 35 anos morando pela vizinhança ao local, ressalta que nunca teve problema com os usuários, apesar do consumo de droga descontrolado gerar incomodo. Mas ela também critica a ação desmedida da polícia.
“Eu achei um absurdo extremamente desumano o que aconteceu em São Paulo, são pessoas, merecem respeito”, completa. Já um outro vizinho, Jeann Albatroz de 28 anos, conta que a falta de infraestrutura pela região agrava a situação de abandono.
|Já fui assaltado duas vezes. Tenho medo de andar na rua quando escurece, porque as ruas aqui tem pouca iluminação e o comércio de drogas acontece livremente e ninguém faz nada|, se queixa.
Problema crônico – A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), por meio do projeto |Consultório na Rua|, informou que mensalmente realiza mais de 500 atendimentos em Campo Grande à população que se encontra em condições de vulnerabilidade pelas ruas.A prefeitura ainda informa que a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) também faz a abordagem de moradores de rua e, quando é detectado que o mesmo é usuário, promove orientação e realiza os encaminhamentos necessários. Mas, ressalta que a maioria dos usuários de drogas nega atendimento. Quando concordam em serem acolhidos, são encaminhados ao Centro Pop, onde passam por tratamento.Segurança – A Guarda Municipal, em nota, classificou como incoerente o depoimento dos usuários em relação ao trabalhos dos agentes. No entanto, também ressalta que quando denunciados qualquer ato infracional em relação a guardas, a princípio, os oficiais são remanejados para outro posto de serviço até a apuração dos fatos.Atualmente funciona na antiga rodoviária um posto da Gerência Administrativa do órgão. A Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social também informou que está com dois projetos de lei sendo analisado pela Câmara Municipal de Campo Grande que buscam a criação de uma corregedoria e ouvidoria da Guarda Civil Municipal da Capital.Os projetos buscam tentar estabelecer um canal direto de denúncias por meio de ouvidoria e punição de guardas diante de possíveis infrações. A reportagem não conseguiu contato com o secretário da pasta, Valério Azambuja para comentar sobre a situação.Cracolândia – No dia 21 de maio, cerca de 900 policiais realizaram uma grande operação na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, desocupando barracos e destruindo ponto de vendas de drogas na região. Ao menos 38 pessoas foram presas e um usuário ficou ferido.Ação foi bastante crtiticada e classificada como violenta pelo uso excessivo de bombas de borracha e agressões aos moradores, por parte da polícia.
Problema crônico – A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), por meio do projeto |Consultório na Rua|, informou que mensalmente realiza mais de 500 atendimentos em Campo Grande à população que se encontra em condições de vulnerabilidade pelas ruas.
A prefeitura ainda informa que a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) também faz a abordagem de moradores de rua e, quando é detectado que o mesmo é usuário, promove orientação e realiza os encaminhamentos necessários.
Mas, ressalta que a maioria dos usuários de drogas nega atendimento. Quando concordam em serem acolhidos, são encaminhados ao Centro Pop, onde passam por tratamento.
Segurança – A Guarda Municipal, em nota, classificou como incoerente o depoimento dos usuários em relação ao trabalhos dos agentes. No entanto, também ressalta que quando denunciados qualquer ato infracional em relação a guardas, a princípio, os oficiais são remanejados para outro posto de serviço até a apuração dos fatos.
Atualmente funciona na antiga rodoviária um posto da Gerência Administrativa do órgão. A Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social também informou que está com dois projetos de lei sendo analisado pela Câmara Municipal de Campo Grande que buscam a criação de uma corregedoria e ouvidoria da Guarda Civil Municipal da Capital.
Os projetos buscam tentar estabelecer um canal direto de denúncias por meio de ouvidoria e punição de guardas diante de possíveis infrações. A reportagem não conseguiu contato com o secretário da pasta, Valério Azambuja para comentar sobre a situação.
Cracolândia – No dia 21 de maio, cerca de 900 policiais realizaram uma grande operação na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, desocupando barracos e destruindo ponto de vendas de drogas na região. Ao menos 38 pessoas foram presas e um usuário ficou ferido.
Ação foi bastante crtiticada e classificada como violenta pelo uso excessivo de bombas de borracha e agressões aos moradores, por parte da polícia.
Campo Grande News