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Com aterro fechado, calçada vira depósito de entulho e caçamba

Restos de podas de árvores, materiais de construção e também lixo tomam conta das ruas de Campo Grande. Seja nas calçadas ou nas caçambas abarrotadas, o que deveria ser deixado nos depósitos provisórios e logo ser retirado das vias para o descarte ao aterro de entulho fica acumulado por dias. A justificativa é que está difícil contratar os serviços de frete dos resíduos e até encontrar caçambas para alugar.

No Jardim Leblon – no sul de Campo Grande – um condomínio deixou restos de poda dos jardim na calçada lateral, a rua Cuiabá. A ideia era que o caminhão contratado para levar os resíduos até um aterro fosse buscar o entulho logo, mas o dono do frete disse que parou o serviço por não ter onde descartar, segundo o zelador do Parque Residencial Guaianazes, Luiz Antonio Peres, 43 anos.

“Como os galhos ficaram ali, o pessoal começou a jogar mais coisa, aí amontoou esse lixo todo”, afirma sobre o fato de outras pessoas do bairro aproveitaram a calçada como depósito.

Em frente ao amontoado de sujeira da rua Cuiabá, uma caçamba foi estacionada para o descarte de entulho de uma obra e o pedreiro Heitor Romero, 30, admite que foi difícil alugar o depósito provisório. “Liguei em vários lugares e não tinham caçamba disponível, com muito custo consegui essa, que já está lotada”.

Lixo doméstico – A dona de casa Marlene Rodrigues Pena, 48 anos, moradora da rua da Pátria, no bairro Taveirópolis – no oeste da Capital – reclama do lixo doméstico que acaba sendo descartado com o entulho, transformando as caçambas em “lixões”. “Tem gente que aproveita e joga todo tipo de lixo nas caçambas, o problema é o mau-cheiro, os insetos”.

Ronaldo Soares Rocha, 34, também reclama. Ele se mudou há dois dias para uma casa na rua Albert Sabin, também no bairro Taveirópolis. “Precisei limpar o quintal, mas tirei do quintal e agora está na rua e o pessoal abusa. A empresa deu previsão de tirar na quinta-feira, vamos ver”.

Fechamento - A interdição do aterro de entulhos no Jardim Noroeste foi determinada no dia 15 de dezembro. Apesar de funcionar por anos sem licença ambiental, o local era o único destino “regular” para as mais de 1,4 mil toneladas de resíduos da construção civil produzidas diariamente na cidade.

Uma vistoria feita em julho pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) constatou que no aterro há triagem superficial dos resíduos, permitindo ingresso de materiais recicláveis e lixo orgânico.

Autor da decisão, o juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, David de Oliveira Gomes Filho, disse na semana passada à reportagem que o aterro precisa passar por uma série de adequações, como fechamento no entorno e proibição da entrada de lixo hospitalar.

A cidade já teve quatro pontos para aterro de entulho, que foram fechados. Em maio do ano passado, uma área na saída para Sidrolândia chegou a ser avaliada pela prefeitura para receber os resíduos, mas não houve transferência do aterro.

Campo Grande News