A possibilidade do Sindicato da Polícia Civil (Sinpol) entrar com ação na Justiça para impedir a realização de concurso público para preenchimento de 210 vagas para delegado, escrivão e investigador está sendo criticada pela Associação dos Delegado de Polícia (Adepol) e por candidatos que há anos se preparam para as provas. “A ação judicial proposta não tem fundamento jurídico sério, cujo objetivo é qualquer outro e não a defesa da sociedade”, diz a presidente da Associação, delegada Regina Márcia Mota.
Ela afirma ainda, que “a realização do concurso não gera impacto financeiro algum neste exercício, pois é sabido que da abertura do edital a efetiva contratação e lotação decorre ao menos um ano”. A delegada assinala que o concurso é esperado por muita gente, principalmente pelos moradores dos municípios que não contam com delegado, daí a necessidade de se fazer o concurso e garantir a lotação de 23 delegados nessas localidades.
O bacharel em direito Tiago Bandeira está se preparando há cinco anos para disputar uma vaga para delegado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Enquanto aguardava pelo edital do concurso, disputou em vários outros estados e em alguns foi aprovado. Mas preferiu ficar no Estado e no dia 19 de maio deste ano foi nomeado para o cargo de agente penitenciário. Para ele, o anúncio feito pelo Sinpol preocupa. “Por ser um candidato experiente em concurso, com bagagem nessa área, já enfrentei concurso que foi suspenso quando estava dentro do ônibus, então isso me preocupa muito. Isso prejudica o candidato”, afirma.
Nas escolas preparatórias para concursos públicos, a opinião dos alunos é de que a pretensão do Sindicato da Polícia Civil entrar com ação pedindo a suspensão do edital não deve prosperar. “Quando o Sinpol soltou a nota gerou uma preocupação dos candidatos, mas depois eles chegaram à conclusão de que a ação não prospera, e o concurso vai ser realizado”, afirma Diego Araújo, coordenador de cursos da Libera Limes, de Campo Grande.
Nessa mesma linha de raciocínio seguem outros candidatos que, independentemente da ação do Sinpol, pretendem se empenhar ao máximo para conquistar uma das vagas oferecidas. É o que conta Onei Fernando Savioli, diretor da escola Neon Concursos, também da Capital. Segundo dele, desde a publicação do edital de concurso a procura tem sido grande. Ele diz que há alunos que há um ano estão se preparando para as provas da Polícia Civil. Essa turma tem 100 pessoas e a escola está formando mais duas turmas de 100 alunos.
“A procura aumentou sensivelmente, muitas pessoas estavam aguardando ansiosamente por esse concurso e hoje, de 80% a 90% da procura é para os cursos preparatórios para o concurso da Polícia Civil”, segundo Diego Araújo. A Libera Limes também está abrindo novas turmas para preparar os candidatos para as provas.
E a pretensão do Sindicato de suspender o concurso pode atrapalhar o sonho de centenas de pessoas que moram em outros estados. É o que diz Alberto Vicente, do Concursos no Brasil, um dos maiores portais de notícias sobre concursos do Brasil. Segundo ele, o Portal tem sido muito procurado para acesso às informações sobre as provas da polícia de Mato Grosso do Sul. Os salários, que segundo ele “são excelentes”, é um dos principais atrativos. “O brasileiro está vivendo um momento de crise econômica preocupante, ainda sem sinal de bonança, e nada mais natural do que buscar oportunidades de trabalho que lhe ofereçam mais segurança”, diz Alberto Vicente.
Nos primeiros quatro dias, mais de 15 mil pessoas haviam feito a inscrição para o concurso e o número vem crescendo a cada dia. No sentido inverso segue o movimento coordenado pelo Sinpol, que começa a perder força. Uma semana após a montagem do acampamento no canteiro central da avenida em frente a Governadoria, o número de faixas e cartazes é bem maior que o de manifestantes.
A forma como foi elaborado o edital de concurso mereceu elogios dos representantes de empresas ligadas a essa área. “Considero extremamente importante quando as organizações dos concursos se preocupam com esse tipo de ‘acessibilidade’ e oportunidade de disputar mais de uma colocação”, pontuou Alberto Vicente. Ele se refere ao item do edital, que permite que o candidato possa disputar vagas para duas funções, pois as provas serão realizadas, pela primeira vez no Estado, em horários diferentes para cargos diferentes. Mas para isso, é preciso fazer uma inscrição para cada cargo disputado.
Para Onei Savioli, ao incluir no edital todo o cronograma do concurso, o Governo do Estado dá transparência à disputa e ajuda o candidato a se programar para cada etapa do concurso, podendo programar, por exemplo, a compra de passagem e a confirmação da hospedagem. Ele disse estar animado também, com outra informação dada pelo Governo do Estado, de que a intenção é de que os concursos públicos para a Polícia Militar e Corpo de Bombeiros sejam realizados em períodos mais curtos, provavelmente a cada um ou dois anos.
Neste concurso estão sendo oferecidas 100 vagas para escrivão, 80 para investigador e 30 para delegado. O salário para os dois primeiros cargos é de R$ 3.888,26 e para delegado, R$ 14.978,26. O prazo para se inscrever vai até o dia 10 de julho e a taxa é de R$ 197,00.
Campo Grande News