Publicado em 19/04/2017 às 10:46,
Epicentro das denúncias de corrupção na operação Lama Asfáltica, a secretaria estadual de Obras também é citada em delação da Odebrecht como ponto de encontro para alinhavar esquema entre a empresa e o governo de André Puccinelli (PMDB).
Depois de o ex-executivo João Antônio Pacífico revelar pagamento de 10% para que a administração estadual quitasse débito de R$ 23,4 milhões, a delação de Pedro Augusto Carneiro Leão Neto detalha que o acordo foi fechado em reuniões no gabinete do então secretário Edson Giroto e na casa do empresário João Amorim.No depoimento, destaca a habilidade de Amorim, lembra que ele não tinha cargo, mas era de absoluta confiança do governador. “Era empresário bem sucedido. João faz esse papel, com capacidade de aconselhar e viabilizar a operação”, recorda.De forma resumida, o pagamento foi oriundo de uma dívida pela execução da MS-030, contrato originário de 1986. A obra foi feita pela CBPO (Companhia Brasileira de Projetos e Obras), que passou a integrar o Grupo Odebrecht.“Ao assumir em 2007, disse claramente que não tinha menor condição de pagamento, que ia rever esses casos e que eu conduzisse com o Edson Giroto”, diz Pedro Augusto, descrevendo a conduta de Puccinelli sobre o débito. A situação só voltou a ser discutida em 2010, quando o então governador teria exigido desconto sobre o valor original de R$ 70 milhões.“Nesse momento, ele ia buscar a reeleição, me disse que iria precisar do nosso apoio financeiro”, relata. O delator narra que o acordo só foi efetivado quando entra em campo João Amorim.
Depois de o ex-executivo João Antônio Pacífico revelar pagamento de 10% para que a administração estadual quitasse débito de R$ 23,4 milhões, a delação de Pedro Augusto Carneiro Leão Neto detalha que o acordo foi fechado em reuniões no gabinete do então secretário Edson Giroto e na casa do empresário João Amorim.
No depoimento, destaca a habilidade de Amorim, lembra que ele não tinha cargo, mas era de absoluta confiança do governador. “Era empresário bem sucedido. João faz esse papel, com capacidade de aconselhar e viabilizar a operação”, recorda.
De forma resumida, o pagamento foi oriundo de uma dívida pela execução da MS-030, contrato originário de 1986. A obra foi feita pela CBPO (Companhia Brasileira de Projetos e Obras), que passou a integrar o Grupo Odebrecht.
“Ao assumir em 2007, disse claramente que não tinha menor condição de pagamento, que ia rever esses casos e que eu conduzisse com o Edson Giroto”, diz Pedro Augusto, descrevendo a conduta de Puccinelli sobre o débito. A situação só voltou a ser discutida em 2010, quando o então governador teria exigido desconto sobre o valor original de R$ 70 milhões.
“Nesse momento, ele ia buscar a reeleição, me disse que iria precisar do nosso apoio financeiro”, relata. O delator narra que o acordo só foi efetivado quando entra em campo João Amorim.
Confiante na reeleição de Puccinelli, a empresa aceitou receber R$ 23,4 milhões e devolver 10% (R$ 2,3 milhões). Com o aval do departamento de Operações Estruturadas, que administrava a propina, foi criado o codinome “pizza”.O primeiro pagamento do governo para a empresa foi em 21 de agosto, no valor de R$ 5,4 milhões. A devolução seria de R$ 540 mil. Contudo, foi pedido antecipação da propina sob argumento de campanha eleitoral. A operação foi autorizada.“Confiávamos no André Puccinelli, taxa mais baixo do que o governo passado tinha pedido, e tinha possibilidade real de ser reeleito”, cita o delator para as razões da antecipação. O adiantamento veio em três parcelas antes das eleições: duas de R$ 585 mil e uma de R$ 1,1 milhão.Na transação, o dinheiro em espécie chegava as mãos de João Amorim, descreve o delator. O governo concluiu em 2011 o pagamento pela obra.Carrossel – De acordo com Pedro Augusto, fora da negociação dos 10%, Giroto foi agraciado com R$ 300 mil pelo departamento de Operações Estruturadas. Para ele, foi aberto o codinome “carrossel”.O pedido para que a empresa contribuísse com a campanha de Giroto, que se elegeu deputado federal foi bem recebido. “A avaliação é que Giroto tinha sido peça fundamental e entendíamos que podia ser um parlamentar bem atuante”, afirma o delator.A quantia foi paga em espécie no Hotel Renaissance, em São Paulo. Pedro Augusto não soube detalhar se foi Amorim ou algum preposto que recebeu o dinheiro.Outro lado - Puccinelli, Giroto e Amorim, além de não terem foro privilegiado, não constam nas listas de investigados. Por meio de nota à imprensa, o ex-governador disse que o pagamento foi acompanhado pela PGE (Procuradoria Geral do Estado) e que não pediu “qualquer vantagem pessoal”.Segundo a defesa de Amorim, não existe ação penal. “Não tem porque se falar em defesa”, afirma o advogado Benedicto de Figueiredo. A reportagem não conseguiu contato com Giroto.A operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, identificou desvio de R$ 44 milhões em recursos públicos, formada por uma rede de “laranjas”, composta por familiares e terceiros, para lavagem do dinheiro de origem ilícita.
Confiante na reeleição de Puccinelli, a empresa aceitou receber R$ 23,4 milhões e devolver 10% (R$ 2,3 milhões). Com o aval do departamento de Operações Estruturadas, que administrava a propina, foi criado o codinome “pizza”.
O primeiro pagamento do governo para a empresa foi em 21 de agosto, no valor de R$ 5,4 milhões. A devolução seria de R$ 540 mil. Contudo, foi pedido antecipação da propina sob argumento de campanha eleitoral. A operação foi autorizada.
“Confiávamos no André Puccinelli, taxa mais baixo do que o governo passado tinha pedido, e tinha possibilidade real de ser reeleito”, cita o delator para as razões da antecipação. O adiantamento veio em três parcelas antes das eleições: duas de R$ 585 mil e uma de R$ 1,1 milhão.
Na transação, o dinheiro em espécie chegava as mãos de João Amorim, descreve o delator. O governo concluiu em 2011 o pagamento pela obra.
Carrossel – De acordo com Pedro Augusto, fora da negociação dos 10%, Giroto foi agraciado com R$ 300 mil pelo departamento de Operações Estruturadas. Para ele, foi aberto o codinome “carrossel”.
O pedido para que a empresa contribuísse com a campanha de Giroto, que se elegeu deputado federal foi bem recebido. “A avaliação é que Giroto tinha sido peça fundamental e entendíamos que podia ser um parlamentar bem atuante”, afirma o delator.
A quantia foi paga em espécie no Hotel Renaissance, em São Paulo. Pedro Augusto não soube detalhar se foi Amorim ou algum preposto que recebeu o dinheiro.
Outro lado - Puccinelli, Giroto e Amorim, além de não terem foro privilegiado, não constam nas listas de investigados. Por meio de nota à imprensa, o ex-governador disse que o pagamento foi acompanhado pela PGE (Procuradoria Geral do Estado) e que não pediu “qualquer vantagem pessoal”.
Segundo a defesa de Amorim, não existe ação penal. “Não tem porque se falar em defesa”, afirma o advogado Benedicto de Figueiredo. A reportagem não conseguiu contato com Giroto.
A operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, identificou desvio de R$ 44 milhões em recursos públicos, formada por uma rede de “laranjas”, composta por familiares e terceiros, para lavagem do dinheiro de origem ilícita.
Campo Grande News