Mato Grosso do Sul registrou, em 2024, a segunda maior taxa de feminicídios do Brasil, com 1,27 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes. Os dados, analisados com base no Censo 2022 do IBGE e informações das Secretarias Estaduais de Segurança, evidenciam o crescimento da violência contra as mulheres no Estado.
35 mulheres foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul durante o ano. O Estado fica atrás apenas do Mato Grosso, que lidera o ranking com taxa de 1,28 e 47 casos. O Piauí aparece em terceiro lugar, com 40 vítimas e taxa de 1,22, seguido por Roraima, Maranhão e Espírito Santo. Em contraste, estados como Amapá (0,27) e Sergipe (0,45) registraram índices bem menores.
Autoridades analisam os números
A Secretaria da Cidadania de Mato Grosso do Sul esclareceu, em nota, que a alta taxa de feminicídios no Estado não significa necessariamente um aumento da violência, mas reflete a correta tipificação e notificação dos crimes após a promulgação da Lei nº 13.104, que incluiu o feminicídio no rol de crimes hediondos.
Além disso, fatores estruturais e culturais devem ser analisados para compreender a concentração dos casos na região Centro-Oeste. Para enfrentar essa realidade, o Estado tem ampliado políticas públicas de proteção à mulher, com ações preventivas e fortalecimento da rede de atendimento.
Um exemplo é o Ceamca (Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência), que passou a atender também crianças e adolescentes expostos à violência doméstica, garantindo suporte psicológico e emocional.
Casos recentes geram indignação nacional
Entre os casos mais impactantes, está o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, ocorrido em 12 de fevereiro de 2025. Vanessa foi assassinada pelo ex-noivo, Caio César Nascimento Pereira, de 35 anos, depois de solicitar medida protetiva contra ele.
A vítima foi esfaqueada três vezes no coração enquanto tentava retirar seus pertences da casa onde morava. Antes do crime, enviou um áudio a uma amiga denunciando o tratamento recebido na Delegacia da Mulher. O caso gerou ampla repercussão e levou à criação de um grupo de trabalho para reformular protocolos de atendimento às vítimas e debater novas políticas de combate ao feminicídio.
Mais recentemente, no último fim de semana, um novo crime chocou Campo Grande. Giseli Cristina Oliskowiski, de 40 anos, foi assassinada a pedradas e carbonizada no Bairro Aero Rancho. Este foi o sexto feminicídio registrado no Estado em menos de 30 dias.
A escalada da violência reforça a urgência de medidas mais eficazes para proteger as mulheres e coibir a impunidade desses crimes.