Publicado em 29/06/2023 às 13:50,
A Polícia Civil deflagrou nesta quinta-feira (29), a operação “Miríade”, com foco na repressão de crimes contra a administração pública, praticados por funcionários públicos responsáveis pela inserção de dados falsos no sistema do Detran de Mato Grosso do Sul.
A investigação teve início após o conhecimento de que o gerente do DETRAN da cidade de Rio Negro possuía diversos procedimentos administrativos em seu desfavor, com movimentações no sistema sem qualquer amparo legal, bem como veículos objetos de alterações de características supostamente fraudulentas. Da mesma forma, verificou-se que os procedimentos suspeitos sequer existiam, sob falsas alegações de extravios.
A Delegacia de Polícia de Rio Negro, com o apoio da Corregedoria de Trânsito do DETRAN, constatou que as fraudes de fato vinham ocorrendo desde 2021, em especial aquelas relacionadas à inclusão fraudulenta do chamado 4º eixo nas especificações do veículo. Através do monitoramento dos investigados, foram obtidas conversas telefônicas em que o esquema criminoso era amplamente discutido, inclusive com pretensões de remoções ilegais de outros servidores e Delegados que presidiam às investigações.
Dessa forma, foi identificado um ex-funcionário do DETRAN, que, mesmo exonerado dos quadros da instituição, ainda agia como elo importante do grupo, responsável pela captação e aliciamento de outros funcionários para a prática criminosa.
Ainda, restou demonstrado o modus operandi do grupo, que se valia das dificuldades no sistema para a implementação das fraudes, que foi descortinada através desta operação e resultou na identificação de diversos indivíduos, como funcionários e despachantes. Foram cumpridos seis mandados de busca domiciliar nas cidades de Rio Negro, Campo Grande, Sidrolândia e Miranda, especificamente na residência e repartição pública dos investigados.
A decisão judicial também decretou a prisão preventiva do ex-funcionário G.G.B (49) e o monitoramento eletrônico (tornozeleira) do responsável pela agência do DETRAN de Rio Negro e do vistoriador da agência do DETRAN de Miranda pelo prazo inicial de 120 (cento e vinte) dias, além do afastamento e suspensão do exercício da função pública. Ao longo da investigação, pelo menos oito pessoas foram veiculadas pelo envolvimento com as operações fraudulentas realizadas pela agência de Rio Negro, cujos fatos encontram-se em apuração na respectiva Delegacia.
A ação contou com a participação de policiais civis das Delegacias de Rio Negro, Sidrolândia, Miranda, bem como da Corregedoria de Trânsito (COTRA) e da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Relacionados à Atividade Executiva de Trânsito (DELETRAN).
A operação foi batizada de “Miríade”, nome que equivale a dez mil ou um número grande e indeterminado, justamente pelas incontáveis operações fraudulentas que foram identificadas ao longo da investigação.