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Ariela não é a única, mas poucos enxergam indígenas transexuais

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Ariela Rodrigues é uma das entrevistadas no documentário "Sempre Existimos". (Foto: Reprodução Youtube)

“Aqui na aldeia eu sou a única. Mas eu não sou sozinha, existem outras. Tem indígenas LGBT na sociedade”, detalha a cabeleireira Ariela Rodrigues, de 22 anos. O filme “Sempre Existimos”, de Tanaíra Sobrinho Terena, traz justamente relatos assim com o de Ariela, de vivências de integrantes da comunidade LGBT em aldeias de Mato Grosso do Sul.

Ariela vive em Sidrolândia na aldeia urbana Tereré. Ela relata que precisa fazer um “trabalho didático” com as pessoas ao seu redor na questão da transexualidade, por eles não terem exposição a mais pessoas trans indígenas.

“Na minha aldeia até que foi tranquilo. Eu tive que conquistar o respeito e amizade das pessoas, foi difícil por eu ser a única. Eu tenho que observar onde eu vou, reparar com quem estou falando, é complexo. Mas graças a deus, eu não tenho problema nenhum, onde eu vou sou muito bem-vinda”, expressa.

Ariela se assumiu aos 15 e ao longo da adolescência começou a se descobrir mulher transexual. “No começo foi difícil para as pessoas, mas hoje eu sinto que elas entendem, me respeitam muito”, reforça. E ainda detalha que há um caminho pela frente de dar mais visibilidade para esse tipo de pauta.

“Se eu estou aqui hoje dando uma entrevista, é porque muitas pessoas ainda precisam. Estar assim na linha de frente não é fácil, mas eu quis muito estar aqui, quero representar também meu povo e quero ajudar as pessoas. E quero dizer também que ninguém deveria ter medo de se assumir, a gente só quer o bem e respeito”, expressa.

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Ariela conta sobre sua vivência como mulher trans em aldeia urbana. (Foto: Reprodução Youtube) 

Com a experiência do documentário, as portas se abriram não apenas para que as pessoas conheçam a conhecer trans indígenas, como também para Ariela conhecer o mundo artístico. Ela expressa o desejo de querer trabalhar mais com arte, em um futuro. “Mas nunca vou me esquecer de onde eu vim. Eu sou indígena terena, onde eu for quero levar o nome do povo, tenho muito orgulho de quem eu sou”, exalta.

A diretora e roteirista Tanaíra Sobrinho explica no próprio documentário que o objetivo é tornar público essa discussão de gênero e sexualidade entre povos tradicionais. “Tanto no movimento indígena, quanto no não indígena, isso não é tão discutido. É trazer a realidade indígena para a pauta”, explica.

Além de Ariela, também foram entrevistados Samanta Oliveira Terena e o universitário Eriki Paiva, que relata sobre a vivência do homem homossexual indígena. O documentário está disponível no Youtube e foi realizado com recursos da Lei Aldir Blanc.